Em outras postagens,
falei de alguns erros
amadores na produção acadêmica e como evita-los, argumentei que as pesquisas
doutrinárias (no Brasil, conhecidas como dogmática jurídica) não devem ser
o paradigma da pesquisa em direito, dei exemplos de pesquisa
de ponta em direito, e dei algumas dicas
práticas para quem deseja fazer pesquisa em direito. Tenho tentado com isso
orientar as pessoas que pensam em seguir a carreira da docência e da pesquisa
em direito, ou já a seguem, para direções que considero frutíferas. Apesar
disso, minha penúltima postagem sobre as desvantagens
de se seguir essa carreira no Brasil foi a de maior número de visualizações,
ultrapassando 1400 até hoje.
Para aqueles que,
cientes das várias dificuldades, estão dispostos a trilhar seriamente o caminho
do ensino e da pesquisa em direito, porque não se veem fazendo outra coisa com
a mesma satisfação, indico aqui algumas formas de atenuar as deficiências da
formação jurídica típica no que diz respeito à pesquisa.
1. Aproximar-se de quem
sabe:
Ter a orientação
de especialistas ou de pessoas competentes é muito útil para desenvolver as
habilidades e conhecimentos para a pesquisa – mas você deve desenvolver também
sua própria autonomia intelectual, pois o pesquisador precisa ter uma postura
proativa, ser capaz de pensar por conta própria, criar e resolver seus próprios
problemas. Buscar aprender com quem tem experiência e reconhecimento. Aqui, há duas
possibilidades não excludentes: (a) pesquisadores da área de direito e (b)
pesquisadores de outras áreas. Como a área de direito tem deficiências
próprias, os pesquisadores experientes também não estão isentos dos problemas,
e, por isso, é importante identificar os melhores do ramo: veja se ele
acompanha o que é feito na área, se tem publicações recentes e em
inglês, se publica em periódicos relevantes (e não apenas em livros
editados pelo seu próprio círculo social), se tem contatos regionais, nacionais
e internacionais no meio acadêmico, se realiza atividades de pesquisa regularmente,
se leva a sério você e os orientandos de graduação e pós-graduação que ele tem
(lembre-se: isso é parte do trabalho dele). O mesmo vale para identificar bons pesquisadores
de outras áreas, mas a principal vantagem desses é que geralmente têm mais
experiência e tradição com pesquisa séria, incluindo instrumentos eficazes de
investigação. É sempre bom conferir o Currículo
Lattes do pesquisador, além de ver se ele tem um site pessoal acadêmico.
Uma observação
necessária: a área de direito é repleta de louvações e homenagens, que podem
passar a impressão de que um pesquisador é mais importante e competente do que
realmente é. Fique atento e não se deixe impressionar facilmente.
2. Cursos online de
qualidade: Há algumas plataformas de cursos online de alta
qualidade, oferecidos por reconhecidas universidades internacionais, como MIT e
Stanford, e também por empresas, como a Microsoft. As duas plataformas que mais
recomendo são a Coursera e a Edx. Os cursos são gratuitos, mas, para alguns,
é possível pagar para receber uma certificação oficial autenticada. É como cursar
à distância uma disciplina numa dessas instituições. Esses cursos são boas
formas de adquirir conhecimentos, habilidades e competências úteis para sua
pesquisa ou para sua formação como pesquisador, e que lhe foram negados pela
sua faculdade de direito, por deficiências estruturais. Separei abaixo alguns
cursos que podem ser de interesse nesse sentido; note a data de início ou se é “self-paced”
(que segue seu ritmo):
É possível também cursar
disciplinas presencialmente em outros centros da sua universidade.
VEJA TAMBÉM: Dicas práticas para fazer pesquisa séria em direito
VEJA TAMBÉM: Dicas práticas para fazer pesquisa séria em direito
Eu fiz o R Computing, da John Hopkins no Coursera, para meu Pibic. Valeu muito a pena! Recomendo.
ResponderExcluirMuito legal seu feedback, Waldo!
ExcluirÓtimo texto, Ítalo!!!
ResponderExcluirValeu, Paulo!
ExcluirFico feliz que tenha gostado.
Parabéns pela iniciativa. Essa sua análise abrange não somente a área de direto mas todas as áreas de pesquisas, pois as deficiências são parecidas. Vou conferir suas sugestões de cursos e quais se encaixam com a minha proposta.
ResponderExcluirMuito obrigado pelo apoio, Pedro, e espero que as sugestões lhe ajudem.
ExcluirDe fato, elas se aplicam a outros cursos também.